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Wolverine


Hoje pode parecer incrível, mas não muito tempo atrás era possível que alguém recém-chegado ao mundo dos quadrinhos jamais tivesse ouvido falar de um herói chamado Wolverine. O fato é que, desde os anos 80, a popularidade desse personagem e sua exposição nas HQs, animações e filmes foi tanta que, mesmo para alguém que não lê quadrinhos, “Wolverine” pode ser um nome familiar. Embora nos últimos tempos as várias transformações, reviravoltas e revelações, sem falar nas muitas cópias e plágios, tenham levado a uma superexploração e ao desgaste do personagem, houve um momento em que Wolverine esteve na "vanguarda" dos quadrinhos de super-heróis.

O wolverine (carcaju, em português) é um pequeno mamífero peludo e de garras afiadas, que vive no norte da América do Norte. No início dos anos 70, o roteirista Len Wein em parceria com o desenhista John Romita Sr. inspiraram-se no feroz bichinho para criar um novo super-herói. Com isso, o herói mutante Wolverine fez sua estréia na revista Incridible Hulk n°180, desenhada por Herb Trimpe, participando de sua primeira HQ completa na edição seguinte, em novembro de 1974. Nesta edição, o “Gigante Verde” enfrenta um monstro lendário chamado Wendigo e acaba esbarrando no Wolverine, então um agente do governo canadense que já colocava em
ação suas garras de “adamantium”.

Mas foi no ano seguinte que o personagem ganhou sua primeira grande chance, quando Len Wein e o desenhista Dave Cockrum integraram-no ao elenco dos novos X-Men. Posteriormente, Chris Claremont e John Byrne deram-lhe maior destaque entre os heróis mutantes, além de um visual mais modeno. Byrne teve ainda um papel importante na biografia
de Wolverine ao relacioná-lo ao grupo de heróis canadenses Tropa Alfa e ao nome Arma-X. Já Claremont, em parceria com Frank Miller, apresentou a versão mais marcante do herói, em sua minissérie lançada em 1982. Assim, a partir de HQs dos X-Men, como “Dias de um futuro esquecido”, e da minissérie Wolverine, o personagem abriu caminho direto para o topo do “Universo Marvel”.

Além de um papel cada vez mais predominante na revista Uncanny-X-Men e nas “sagas” dos heróis mutantes, o baixinho briguento passou a fazer aparições ao lado de outros heróis, como Capitão América, Demolidor, Hulk e Destrutor (neste último caso na ótima minissérie com arte pintada Fusão). Em fins dos anos 80, tendo ganhado uma revista própria, e num contexto em que os quadrinhos de super-heróis se tornavam mais violentos e os personagens mais agressivos, Wolverine assumiu a condição de principal estrela da Marvel (afinal, num verdadeiro “matadouro”, um herói com garras afiadas teria que ser mesmo o açougueiro-mor!). E com uma grande popularidade entre os leitores, na virada para os anos 90, várias edições e HQs especiais foram dedicadas a ele.

Um bom exemplo foi “Arma-X”, uma das primeiras e a melhor história a contar o passado de Wolverine. Lançada em 1990, em capítulos na Marvel Comics Presents n°s 72 a 84, a HQ foi escrita e desenhada por Barry Windsor-Smith. O artista já havia mostrado um excepcional trabalho numa HQ-solo de Wolverine para a revista Uncanny X-Men n° 205 (publicada no Brasil em Heróis da TV n°100). E quando surgiu a oportunidade de fazer uma nova história com o personagem, Barry enfocou o passado até então desconhecido do herói. Com uma abordagem direta, ótima narrativa e desenhos incrivelmente detalhados, “Arma-X” conta como o mutante Logan adquiriu suas garras e esqueleto de adamantium, num projeto para criação de um super-soldado.

Wolverine voltaria a ser destaque nas páginas de Marvel Comics Presents em HQs e capas desenhadas por Sam Kieth, para os números 85 a 92, 100 e 117 a 122 (a maior parte delas publicada no Brasil, na revista Wolverine da editora Abril). Com seu traço que incorpora elementos caricaturais e experimentações estilísticas, Kieth conseguiu suavizar o caráter violento do herói, ao mesmo tempo em que introduzia alguns elementos novos às HQs de super-heróis. Esses trabalhos, lançados entre 1991 e 1993, também serviriam de base para o que o desenhista faria na série The Maxx, lançada pela Image Comics. E Kieth ainda desenharia o herói mutante na minissérie, com bela arte pintada, Wolverine/Hulk (lançada no Brasil em revista única pela Panini).

A partir de 1990, Wolverine apareceria em diversas edições no chamado “Prestige Format” (com capa cartonada, papel e impressão de melhor qualidade no miolo). Os destaques: The Jungle Adventure, com os desenhos de Mike Mignola na fase de consolidação de seu estilo; Bloodlust produzido pela dupla Alan Davis e Paul Neary, responsável por outras revistas de heróis mutantes; Inner Fury com o traço fortemente estilizado e caricaturizado de Bill Sienkiewicz; e por fim Killing, que traz o estilo originalíssimo de Kent Williams (boa parte dessas HQs foi publicada pela editora Abril). Com esses trabalhos, Wolverine assumiu uma posição semelhante a que Batman teve na segunda metade dos anos 80, estando na “vanguarda” dos quadrinhos de super-heróis.

Após anos de sucesso, Wolverine passou a ser um modelo a ser copiado, como mostra o Lobo, personagem da DC Comics que satiriza o herói da Marvel. Mas, a “wolverinemania” também gerou péssimas crias, como os diversos clones surgidos nas revistas da Image nos anos 90. A interminável galeria de plágios acabou afetando o original, que já não causava o mesmo impacto. A saída encontrada pela Marvel foi lançar revistas recontando o passado e a “origem” do personagem, ou até mesmo mudando radicalmente seu visual. O resultado foram anos de mudanças físicas, lavagens cerebrais e muita bobagem editorial, que só contribuíram para complicar suas HQs e afastar antigos leitores.

Nos últimos anos, talvez o que melhor se viu de Wolverine não tenha sido nos quadrinhos, mas sim no cinema. Perfeito no papel do personagem na trilogia X-Men, o ator Hugh Jackman se prepara agora para estrelar o filme-solo do temperamental e violento mutante (com lançamento previsto para 2009). Mas, apesar dos recentes erros e jogadas editoriais, houve um momento em que Wolverine foi o personagem mais popular dos quadrinhos norte-americanos, contribuindo para o desenvolvimento das revistas de super-heróis.

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