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Asterix e Obelix


De acordo com os livros de História, no ano 50 antes de Cristo, a Gália (região identificada com a França atual) era totalmente dominada pelo Império Romano. Mas isso não é verdade! Afinal, uma pequena aldeia de “irredutíveis gauleses” resistiu bravamente ao avanço das legiões de Júlio César. E o fato é que, desde 1959, as aventuras de Asterix e Obelix saem das páginas dos quadrinhos de René Goscinny e Albert Uderzo direto para a imaginação de leitores em todo o mundo.

Nos anos 50, a Europa ocidental vivia um processo de invasão cultural. O cinema, a música e
os quadrinhos norte-americanos tomaram espaços e conquistaram o público. Como uma forma de crítica e sátira a essa invasão “imperialista”, o roteirista René Goscinny e o desenhista Albert Uderzo criaram o herói Asterix (inspirando-se em Vercingétorix, um líder da resistência gaulesa ao Império Romano). Embora Goscinny tenha afirmado que não houve a intenção de se estabelecer uma relação entre os invasores romanos do ano 50 a. C. e os norte-americanos da década de 1950, é difícil não pensarmos nesta identificação, reforçada pelas inúmeras referências ao mundo contemporâneo.

Um dos motivos que levou Asterix a conquistar os franceses e europeus em geral foi, sem dúvida, as caricaturas baseadas nas peculiaridades das diversas nacionalidades. Nas viagens de Asterix, Obelix e seu cãozinho Idéiafix pela Hispânia, Bretânia, Lusitânia ou Roma, Uderzo e Goscinny ressaltaram com humor as idiossincrasias (e esquisitices) dos espanhóis, ingleses, portugueses ou italianos. Assim, sem recorrer ao besteirol e utilizando uma reconstituição histórica precisa, as HQs de Asterix conseguiram agradar a gregos e troianos.

Embora seja comum se dizer que as aventuras dos heróis gauleses perderam em qualidade com a morte de Goscinny em 1977, a verdade é que o desenhista Uderzo conseguiu manter o espírito original nos livros que criou sozinho. De fato, não faltam os elementos que sempre caracterizaram as HQs de Asterix: as lutas contra os romanos, o companheirismo que envolve os heróis, a poção mágica do venerável Druida, as caricaturas dos vários povos europeus, mais lutas contra os romanos e as trapalhadas do ingênuo (mas sincero e sensível) Obelix.

Definido por Uderzo como “um pequeno homenzinho para fazer rir”, ou como a “caricatura do francês médio”, Asterix tornou-se um símbolo da França. Se não bastassem os bonecos, bonés e todo tipo de bugigangas,
o herói gaulês e sua turma ganharam até um parque temático, o Parc Astérix, construído próximo a Paris. Além disso, temos os vários desenhos animados e os filmes com a participação de Gerard Depardieu no papel de Obelix.

Por todo o mundo, já foram vendidos dezenas de milhões de exemplares dos 33 livros da série Asterix, com traduções para mais de 100 línguas. Talvez um dos motivos desse sucesso seja o fato de estas HQs serem totalmente identificadas com seus criadores, pois como o próprio Uderzo definiu seus álbuns são “o produto de um trabalho de criação artesanal”. E podemos dizer que, cantando sua aldeia, Goscinny e Uderzo conquistaram o mundo.

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